segunda-feira, 14 de setembro de 2009

TELEFONE SEM FIO...

Às vezes parece que se relacionar é como brincar de telefone-sem-fio: recebemos uma informação passamos adiante e depois aguardamos o retorno do que transmitimos.
Uma pena que com o tempo desaprendemos a brincar. Ao contrário das crianças que morrem de rir quando escutam o que chegou do outro lado da linha (uma baita distorção) tentamos entender quem errou, onde a falha aconteceu e pior, culpamos o outro dizendo que ele não prestou atenção direito e por isso a brincadeira desandou.
Quanto mais nos preocupamos em controlar o que vai chegar ao final da linha, mais chata e frustrante fica a brincadeira! Não há como controlar o que vai chegar do outro lado do fio. Cada ouvido é sensível a um tipo de palavra. Cada ouvido capta um tipo de informação. Cada pessoa por trás do ouvido carrega um mundo de sons, cheiros, imagens e sensações dentro de si.
Para alguns, dança vira insegurança; crença vira doença; existência, ausência; experiência, penitência; indiferença, recompensa. E não adianta ralhar porque tudo saiu ao avesso e o outro não escutou o que você queria que ele escutasse. Brincar, se relacionar, tem dessas coisas...
Se observássemos mais as crianças, saberíamos que toda brincadeira tem seu risco e, por isso mesmo, valem a pena! Saberíamos que a delícia do telefone-sem-fio é exatamente o momento em que o erro fica evidente e que a alegria está em compartilhar, já que não há ganhadores ou perdedores nesse jogo.
Quando foi que deixamos de rir dos nossos erros? Quando foi que errar se transformou em sinônimo de fracassar e de vergonha? Por que simplesmente não conseguimos fazer como as crianças que “se acabam” de rir quando algo dá errado e depois tentam de novo e de novo e de novo?
Será que foi quando descobrimos que as conseqüências de alguns erros podem complicar nossas vidas? Ou será que foi quando passamos a nos preocupar mais com o que os outros pensam de nós do que com o que nós pensamos de nós mesmos?

Todos temos uma criança alegre dentro de nós, mas poucos a deixam viver...

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