quinta-feira, 30 de abril de 2009

DEUS CRIOU ADÃO, NÃO NARCISO!

Conversando com alguém que admiro e a quem tenho grande apreço, me fez refletir, ao dizer-me:
- VOCÊ É A PESSOA MAIS NARCISISTA QUE CONHEÇO!

Todavia isto me preocupou, pois, lembrei-me da história de Narciso, belo jovem pelo quais muitos se apaixonavam, centrado em si, orgulhoso em relação àqueles que o amavam. Uma história de amores impossíveis, de imagens que enganam e, sobretudo uma história que fala de autoconhecimento e transformação.
Conta-se que seu egoísmo foi tamanho que, ao contemplar o reflexo de sua face nas águas, se apaixonou pela própria aparência, e permaneceu admirando-a até a morte. No primeiro momento, Narciso não percebe que é sua própria imagem que vê (como quando passamos distraídos por nossa imagem refletida num espelho e nos assustamos, achando que tem alguém ali) e depois ele se dá conta, ele percebe que está vendo a si mesmo.Mas para mim o momento crucial da história é o momento em que aquilo que Tirésias havia previsto se realiza. Tirésias fora consultado por Liríope (mãe de Narciso) com a seguinte pergunta: Narciso viveria muitos anos? A resposta foi: SE NÃO SE CONHECER... SE NÃO SE VIR...

Quando vê aquele belo jovem diante de si, Narciso não reconhece ser sua própria imagem, claro, pois não se conhece! É no momento em que percebe tratar-se de si próprio que o que Tirésias havia previsto se concretiza. Depois daquilo, ele já não pode mais ser o Narciso que era. Antes podia ser um jovem frio, insensível e distante, depois dali ele precisa mudar...

O narcisista é aquele que se dedica exageradamente a si mesmo, vendo-se superior a todos, incluindo seus amigos e sua família. O ser humano natural é narcisista por natureza, variando apenas o quanto se deixa levar por essa tendência inata. Nossa alma deve estar deslumbrada com Deus, pelo seu ser único e incomparável.

É evidente que o ser humano perdeu seu referencial divino. Aquele Único ser, ao qual todo homem se assemelha, deixou de ser a base e o objetivo da existência humana. É como se o homem se ausentasse de diante do quadro da majestade divina, desviando seu olhar para um espelho. A humanidade que foi criada originalmente para se mirar no ser de Deus, agora enxerga, tão somente, a si mesma. Desde a queda, o homem passou a dar mais importância à sua imagem do que a do Criador, esquecendo-se que não passa de um reflexo Daquele que o fez. Ele parece ter deixado de ser Adão, como criatura perfeita de Deus, e passou a Narciso, interessado apenas em seu próprio reflexo.
A prioridade de Deus em nossa vida não é apenas uma obrigação e mandamento do Senhor (MT 6.33). É, também, a forma de viver adequadamente nesse mundo. Por ser imagem de Deus, o ser humano só encontrará real existência se der conteúdo ao seu reflexo relacionando-se com Aquele que o criou.
Que não seja Narciso que caracterize a nossa vida, mas o Adão perfeito, ou melhor, ainda, Cristo, Aquele que elevou o padrão da humanidade para ser, também, a experiência de Deus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário