“Não importa o quão longe você tenha ido
pelo caminho errado, volte para trás”.
Obter de fato afinidade com o Espírito de Deus ao ponto de sermos totalmente conduzidos por Ele exigirá de nós a capacidade de aprendermos a voltar atrás. Voltar atrás é um sinal de reconhecimento de nossa incapacidade. Por muitas vezes podemos seguir milhas e milhas, caminhar distante, seguirmos nossos próprios caminhos entretidos em nossas grandes questões, estarmos completamente “perdidos” quando temos convicção que nunca estivemos tão “achados”, tão convictos de nossa sabedoria, tão bem firmados em nossas experiências e em nosso conhecimento, que fechamos a mente e o espírito para o verdadeiramente novo de Deus. Confundimos novas experiências com adrenalina e emoções, quando devíamos entender ao amadurecermos nossa fé que aquilo que Deus nos entrega como “novo” parte de velhos aprendizados e da superação de nossas maiores imaturidades. A ação de Deus é simples, a medida que é profunda, sendo que Ele nunca te conduzirá a “nadar contra a maré” simplesmente para que o tédio, a monotonia da espera ou do dia-a-dia sejam dissipados como num passe de mágica. Na verdade o Senhor permite a monotonia para que nós aprendamos a ser renovados por Nele, por Ele e para Ele.Deus está presente quando as coisas não se realizam , quando grandes expectativas são frustradas, quando o roteiro é mudado… Ele está exercendo sua soberania e respondendo nossas mais fervorosas orações. Orações onde nos comprometemos tão profundamente com Ele ao ponto de nossa carne não ser capaz de cumprir nossa parte no trato, tornando necessária a intervenção do Pai, quando já nos esquecemos de nossas promessas. É como sermos segurados por Ele, e nos debatemos no ar querendo ser soltos, ao pularmos em um grande precipício na esperança que ao final da queda algum milagre aconteça que vá contra a lei que diz que nos espatifaremos no chão. É sempre incrível nossa capacidade de nos lançarmos nesse precipício simplesmente pelo gosto da queda, pela emoção de sairmos da rotina por breves momentos, e nos partirmos em pedaços tão minúsculos, que colocá-los de volta no lugar inicial levará tempo, choro, dor, arrependimento e reconhecimento. É necessário aprendermos a ver beleza na calmaria, no deserto, na continuidade, na permanência sem interesses, pois é na ”paradeira” da paisagem que nos ateremos aos detalhes do que está sendo visto. Coisas não acontecerem são a forma de Deus para nos fazer enxergar a beleza do quadro, os retoques, o que deve ser refeito, para que então sejamos capazes de pintar um quadro ainda mais belo… O quadro que Ele sonhou… O quadro que mesmo em nossos sonhos mais lindos nunca seríamos capazes de vislumbrar.
Tentar coisas novas e sermos bem sucedidos somente é possível quando aprendemos velhas lições, que se repetem em nosso aprendizado com Deus e que não poderão ser ultrapassados como etapas que possam ser queimadas. O sábio empreendedorismo que leva as grandes descobertas é adquirido quando já estamos maduros o suficiente para não desprezarmos o aparente velho discurso a favor da pura e simples curiosidade da nova experiência. O novo de Deus sempre levará em conta velhos ensinamentos, devidamente absorvidos e colocados em prática, uma vez que no decorrer de nosso relacionamento com Ele não existirá nada a ser desprezado, ignorado, relevado ou que possa ser colocado em uma lista intitulada como “inutilidades”. Deus está trabalhando em nós, em nossos conceitos, em nossa forma de olhar e qualificar situações, decisões, oportunidades e novidades.
A ousadia correta está edificada sobre uma clara visão e discernimento do que Deus está falando, do que de fato Deus está criando, e para isso é necessário deixarmos nossa infância, sem perdemos a leveza e a criatividade próprias da mesma. Mas é interessante observarmos que mesmo a criança, só ousa sob a forte certeza que alguém a está respaldando, que poderá correr de volta para braços seguros caso algo dê errado. Ela não pensa duas vezes, simplesmente corre de volta.
Voltar atrás é o uma decisão própria de quem está entendendo o caminho certo, de quem está compreendendo que existe razão, consistência, lógica e profundidade na espera, no silencio, na aparente apatia, no desafio, na dor, no choro, na ausência, na necessidade. Ser maduro o suficiente para rever e aprender, ao mesmo tendo sendo criança o suficiente para ousar sem perder a segurança é sem dúvida, um dos nossos maiores desafios. Que tenhamos sempre a convicção que podemos correr de volta, não importando quão longe tenhamos ido pelo caminho errado, existirá o momento certo e a hora certa de irmos por um caminho novo, através do qual nos realizaremos um pouco mais.
“Mas tu Senhor, não te alongues de mim, força minha, apressa-te em socorrer-me… Vós que temeis ao Senhor, louvai-o; todos vós descendência de Jacó, glorificai-o; temei-o todos vós, descendência de Israel. Porque não desprezou nem abominou a aflição do aflito,
nem escondeu dele o seu rosto; antes, quando ele clamou, o ouviu.”
Sl 22:19-25.
nem escondeu dele o seu rosto; antes, quando ele clamou, o ouviu.”
Sl 22:19-25.
( Erika Alves, pastora da Igreja Batista Getsemani em Belo Horizonte)
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